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EBAS na Prática: Como Grandes Empresas Podem Se Tornar Ágeis de Verdade

 

Na última década, o termo “Business Agility” ganhou força nas salas de reunião de grandes empresas, mas poucas realmente conseguiram colocar isso em prática de forma estruturada. É aí que entra o EBAS (Enterprise Business Agility Strategy), um framework desenvolvido pela AgilityHealth (de Sally Elatta) que ajuda organizações a conectarem estratégia, estrutura e cultura para entregar valor de forma adaptativa e contínua.

Neste artigo, vamos mostrar como aplicar o EBAS em grandes empresas, com base em materiais oficiais da AgilityHealth, livros como Business Agility: Sustainable Prosperity in a Relentlessly Competitive World do Michael H. Hugos e cases reais. Tudo para que você, executivo ou líder de transformação, tenha um mapa claro de como sair do discurso e partir para a prática.

1. O que é o EBAS e por que ele importa?

O EBAS é um framework estratégico criado para guiar organizações em sua jornada de agilidade empresarial. Diferente de abordagens operacionais (como Scrum ou Kanban), o EBAS atua em nível organizacional, conectando estratégia, execução e cultura.

Segundo a AgilityHealth, o EBAS responde a três grandes perguntas:

  • Onde estamos hoje?
  • Para onde queremos ir?
  • Como chegamos lá?

Por que aplicar EBAS?

  • Porque modelos ágeis isolados (times ágeis, sprints, squads) não resolvem problemas estruturais.
  • Porque organizações precisam de visibilidade sistêmica, não só de entregas.
  • Porque só com alinhamento real entre negócio, tecnologia e liderança, a agilidade vira diferencial competitivo.

2. Os 7 pilares do EBAS e coma Aplicá-los na prática

O EBAS é estruturado em 7 pilares. Cada pilar representa uma dimensão essencial para a agilidade organizacional. Vamos destrinchar cada um com recomendações práticas para aplicação em empresas de grande porte:

Pilar 1: Liderança e Cultura Ágil

Referência: AgilityHealth Learning Library

O que é: Avalia se os líderes estão preparados para liderar de forma ágil e se a cultura organizacional apoia a agilidade.

Como aplicar:

  • Rodar Agile Leadership Assessments com líderes.
  • Criar um programa de mentoria para que líderes passem de “chefes” para “facilitadores”.
  • Aplicar workshops de Mindset Ágil com base nos princípios do Lean Change Management (Jason Little).

Pilar 2: Estratégia Ágil e OKRs

Referência: Measure What Matters (John Doerr)

O que é: Garante que a estratégia da empresa esteja clara, desdobrada e com foco em geração de valor.

Como aplicar:

  • Revisar os direcionadores estratégicos e cruzar com feedback do cliente.
  • Utilizar OKRs para desdobrar metas por área e por times.
  • Mapear as iniciativas estratégicas no portfólio e conectá-las aos OKRs.

Pilar 3: Estrutura Organizacional Adaptativa

Referência: Team Topologies (Matthew Skelton e Manuel Pais)

O que é: Mede o quanto a estrutura da empresa favorece a agilidade (vs. criar silos e barreiras).

Como aplicar:

  • Diagnosticar se os times estão formados com base em value streams.
  • Avaliar se a estrutura atual permite decisões rápidas ou cria gargalos.
  • Aplicar o conceito de Stream-Aligned Teams com apoio de um CoE ágil.

Pilar 4: Agile Product Delivery

Referência: Inspired (Marty Cagan)

O que é: Analisa a maturidade da empresa na entrega de produtos com foco no cliente, ciclos curtos e aprendizagem contínua.

Como aplicar:

  • Avaliar se há Discovery estruturado antes da entrega.
  • Formar Product Trios (Product, Tech e UX) com autonomia para validar soluções.
  • Rodar ciclos de experimentação usando Lean Startup e Design Thinking.

Pilar 5: Processos e Ferramentas de Suporte

Referência: SAFe, LeSS, Flight Levels

O que é: Mede se os processos e ferramentas estão alinhados com os princípios ágeis ou se reforçam o modelo tradicional.

Como aplicar:

  • Avaliar o uso de ferramentas como Jira, Miro, Confluence, mas com propósito claro.
  • Criar cadências sincronizadas entre times (ex: PI Planning, Sync Meetings).
  • Automatizar partes do fluxo de valor com IA (ex: copilotos para documentar retrospectivas, dashboards automáticos com Power BI e GPTs).

Pilar 6: Métricas de valor e performance

Referência: Accelerate (Nicole Forsgren et al.)

O que é: Avalia se a empresa mede o que realmente importa: valor entregue, velocidade de aprendizado e estabilidade do sistema.

Como aplicar:

  • Medir tempo de ideação até valor entregue (Lead Time de valor).
  • Implantar métricas como DORA, NPS, Net Value Score, OKR Tracking.
  • Rodar insights reviews trimestrais, com base em dados, não em opinião.

Pilar 7: Talent Agility e Desenvolvimento Contínuo

Referência: Talent Agility Maturity Model (AgilityHealth)

O que é: Mede o quanto a organização investe no desenvolvimento contínuo das pessoas e na mobilidade de talentos.

Como aplicar:

  • Criar trilhas de aprendizagem baseadas em gaps de habilidades detectados por assessment.
  • Mapear talentos internos e propor job rotation ou cross-staffing.
  • Estimular learning loops: erros, aprendizados, melhorias, compartilhamento.

3. Jornada de implementação: Por onde começar?

  1. Rodar o Radar do EBAS (Assessment oficial)
    Permite entender o nível atual de maturidade em cada pilar com base em dados reais.
  2. Criar um Roadmap de Evolução Organizacional
    Baseado nos gaps e oportunidades reveladas pelo assessment.
  3. Formar um CoE Ágil (Agile Center of Excellence)
    Que oriente, suporte e acelere a transformação com governança leve e impacto real.
  4. Orquestrar a Transformação com Ciclos Trimestrais de Ajuste
    Aplicando ciclos inspirados no modelo Lean Portfolio Management.

4. Benefícios reais comprovados por cases

Case da CarMax (EUA):

Com o EBAS, a CarMax reduziu o lead time de produtos digitais de 18 meses para menos de 6 semanas.

Case de uma empresa global do setor financeiro (AgilityHealth):

Após aplicar os 7 pilares e rodar o assessment, aumentaram em 3x a previsibilidade das entregas e a satisfação dos times subiu em 40%.

Fonte: AgilityHealth Case Studies (https://www.agilityhealthradar.com/resources/case-studies)

5. Conclusão: Agilidade que atravessa a organização

Implementar EBAS é uma jornada estruturada, baseada em dados, que transforma a empresa de dentro pra fora. Não se trata apenas de fazer reuniões mais rápidas ou usar post-its coloridos. Trata-se de reconstruir a forma como sua organização pensa, age e entrega valor.

Quem aposta no EBAS está dando um passo estratégico rumo a uma empresa mais resiliente, adaptável e centrada no cliente — o verdadeiro espírito da agilidade empresarial.

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