O guia prático e sem rodeios para priorizar certo
Como facilitador, já vi de tudo: empresas que priorizam pela “pressão do chefe”, pela “moda do mercado” ou pela “urgência do cliente mais barulhento”. Resultado? Retrabalho, atrasos e desperdício.
O WSJF (Weighted Shortest Job First) é uma técnica criada por Don Reinertsen e popularizada pelo SAFe para cortar esse ruído e priorizar de forma econômica, objetiva e colaborativa.
O que é WSJF?
O WSJF é um método para ordenar a execução de itens (features, epics, iniciativas) visando maximizar o valor entregue no menor tempo possível.
A lógica é simples: se algo traz muito valor e demora pouco para entregar, deve ser feito antes. Análogo ao conceito de “quick-wins”
Fórmula:
WSJF = Custo do Atraso / Tamanho do Trabalho, onde:
Custo do Atraso (CoD) = Valor para o Negócio + Criticidade de Tempo + Redução de Risco / Oportunidade
Tamanho do Trabalho = Esforço ou duração estimada (geralmente em pontos ou dias)
Passo a passo para usar o WSJF
Liste todos os itens que competem por recursos ou a sua lista de necessidades.
Avalie cada fator do Custo do Atraso. Para isso existem algumas formas. Eu gosto muito da sequência de Fibonacci – 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21 … , mas você pode usar uma escala de 1 a 10 ou outra escala que a empresa já utiliza. O importante aqui é manter o mesmo padrão em todas as priorizações.
Dito isso, você vai iniciar quantificando cada um dos parâmetros para cada um dos itens da lista:
– Valor para o Negócio – Impacto no cliente e/ou receita.
– Criticidade de Tempo – Perda de valor se atrasar.
– Redução de Risco / Oportunidade – Mitiga riscos ou abre portas.
Some os três fatores para obter o CoD (Cost of Delay, em inglês).
Estime o tamanho do trabalho (quanto menor, melhor).
Divida o CoD pelo tamanho para obter o WSJF.
Ordene do maior para o menor – esse é seu plano de execução inicial.
Vamos a um exemplo:

Ordem de prioridade: C (4,5) → A (4,0) → B (2,0)
Apesar de A parecer mais “valiosa” inicialmente, C é menor e entrega valor mais rápido.
Principais erros ao aplicar WSJF
– Confundir urgência com importância – Pressa de um stakeholder não é CoD real.
– Estimar isoladamente – WSJF é comparação relativa, não números absolutos.
– Ignorar dependências – Um item pode bloquear outros mais valiosos.
– Não atualizar periodicamente – Prioridade muda, o WSJF também.
– Supervalorizar trabalhos grandes – Quanto maior a duração, menor o WSJF.
Dicas para aplicar melhor
– Use workshops rápidos para estimar em grupo, evitando viés individual.
– Avalie cada variável separadamente para o primeiro item da lista antes de seguir para o próximo.
– Mantenha tabela visível para o time acompanhar e revisar.
– Sempre quebre itens grandes – WSJF favorece entregas curtas.
– Combine WSJF com OKRs para garantir alinhamento estratégico.
– Revise a cada 3 meses ou quando houver mudança significativa no contexto.
Comparação: WSJF x SERIE
O método SERIE (Segurança, Estratégia, Receita, Imagem, Eficiência) também é usado para priorizar, mas tem foco diferente:
SERIE é mais qualitativo, baseado em critérios fixos de impacto. WSJF é quantitativo, focado em retorno rápido pelo menor tempo. Quando usar WSJF: ambientes ágeis, backlog dinâmico, necessidade de priorização econômica. Quando usar SERIE: análise estratégica de alto nível, especialmente para portfólios onde fatores de imagem ou segurança têm peso maior que velocidade.
Benefícios reais do WSJF
– Aumenta a velocidade de entrega de valor
– Torna a priorização objetiva e defensável
– Reduz desperdício com trabalhos pouco rentáveis
– Facilita alinhamento entre áreas
– Promove cultura de decisões baseadas em dados
Para finalizar
Esperamos que esse conteúdo seja valioso para você e a sua empresa. Treine, aplique, repita. Somente a persistência vai levar a perfeição.
O resultado do WSJF, no início, pode e deve ser analisado e, se necessário, os itens podem ser ligeiramente reordenados. Isso, contudo, pode significar que ainda falta prática para o time ou reforço de conceitos. A ideia é que logo o resultado do WSJF seja definitivo.
